Segurança financeira foi apontada como importante para alcançar a felicidade em duas pesquisas sobre o assunto.
Na lista de desejos para o Ano Novo, muita gente decide que quer ser mais feliz. Mas o que será que faz as pessoas se sentirem felizes? Em um dos raros estudos a respeito desse tema, a Universidade de Bolton decidiu pesquisar o que é felicidade.
Em 1938, moradores da cidade de Bolton, na Inglaterra, foram solicitados a classificar, em ordem de importância, os fatores para atingir a alegria plena, a partir de uma lista preestabelecida. Decorridos 76 anos, a mesma pesquisa foi aplicada mais uma vez pelo professor de psicologia Jerome Carson e pela pesquisadora Sandie McHugh. Curioso observar como a percepção de felicidade mudou com o tempo.
O que representava a felicidade dessas pessoas em 1938? “Segurança financeira” apareceu no topo do ranking e, quase 80 anos depois, caiu apenas um ponto no ranking, apontado em 2014 como o segundo fator que gera felicidade. As pessoas não se referem ao dinheiro em si, mas ao que ele proporciona.
“Bom humor” foi o fator que deslocou “segurança financeira” para a segunda posição. Saiu do 4º lugar para o topo do ranking, uma evidência de que as pessoas valorizam aspectos não financeiros como geradores de bem-estar. A fé, considerada importante em 1938, perdeu espaço para o bom humor e o entretenimento.
Segundo o prof. Carson, vivemos em uma cultura na qual as pessoas são obcecadas por celebridades e dinheiro, mas sabemos que o índice de felicidade não aumenta com o crescimento de riqueza.
A pesquisa também coletou perguntas qualitativas. Questionados sobre quando são mais felizes, 56% responderam sentir a mesma felicidade nos dias úteis da semana e nos finais de semana. Sorte tem alguma coisa a ver com felicidade? Em 1938, 20% acreditavam que sim; em 2014, a percentagem de pessoas que acreditam que a sorte influencia a felicidade aumentou para 42%.
Embora segurança financeira tenha ficado no topo do ranking em 1938, as pessoas afirmaram não acreditar que bens materiais em si tragam felicidade. Muitas das cartas enviadas na pesquisa se referem a “ter dinheiro suficiente para bancar as necessidades do dia a dia”. Em 2014, 76% das pessoas responderam não quando questionados se achavam que a felicidade está vinculada a bens materiais.
As principais diferenças entre 2014 e 1938 foram as posições de religião, lazer e bom humor. Política e liderança foram classificados com menor importância nos dois períodos.
O conceito de felicidade é muito mais complexo do que a pesquisa apurou. Foram negligenciados, por exemplo, a importância dos relacionamentos, além de fatores sociais e culturais. Entretanto, a pesquisa inicial foi o primeiro passo para desenvolver uma ciência de felicidade que pode ser útil no estabelecimento de políticas públicas.
E você, já parou para pensar o que te faz feliz? Está direcionando seu dinheiro para alcançar a felicidade? Pense nisso.
Fonte: folha.uol
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