Durante algum tempo, o pai era a figura provedora, aquele que pagava as contas, e a mão era figura que cuidava das crianças. Temos essa imagem do pai mais autoritário, mais distante, que nunca falou “eu te amo”, que não aceita brincadeira, que exige respeito e que tem um certo distanciamento emocional do resto da família. Hoje em dia existe uma geração de pais muito mais atenciosa e muito mais presente, que fazem questão de participar do dia a dia dos filhos, assumindo mais responsabilidades no desenvolvimento deles.
Um estudo apresentado no I Congresso de Psicologia do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa, veio comprovar que, atualmente, o pai assume mais responsabilidades nas atividades do dia a dia das crianças do que há uns anos atrás. Os estudos afirmam que se constata uma presença maior do pai em dimensões relativas aos cuidados, ao apoio emocional e à estimulação das crianças, tarefas nas quais o pai tradicionalmente não se envolvia.
Alterações sociais como a profissionalização maciça do trabalho feminino, a divisão das tarefas domésticas e do cuidar dos filhos ou as novas tipologias de famílias, resultantes das separações e dos divórcios, contribuíram para esta mudança, tal como as próprias expetativas da sociedade e a crescente preocupação com o bem-estar e desenvolvimento das crianças, revela o mesmo estudo, levado a cabo por um grupo de investigadores da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, da Universidade do Porto.
Na visão mais tradicional de família, era o pai quem assegurava o sustento económico e quem disciplinava os filhos. Hoje, estas funções continuam ainda a ser da responsabilidade do pai.
No entanto, já são executadas, muitas vezes, em pé de igualdade com a mãe. O pai e a mãe ocupam o mesmo lugar na família, com as mesmas responsabilidades e com a mesma importância na vida da criança.
Há algumas décadas a mulher não trabalhava e a educação cabia à mãe. O pai estava raramente presente e, quando estava, era para exercer disciplina e pôr ordem em casa. Agora, na maior parte dos casais, a educação dos filhos já é uma tarefa muito mais partilhada. Por um lado, a mulher adquiriu um papel na sociedade em termos profissionais que lhe roubou algum tempo e, por outro lado, os pais refrearam um pouco a sua atividade profissional de forma a poderem partilhar mais tempo com os filhos.
Ainda grande maioria das mães continua a assumir mais responsabilidades do que o pai nas atividades e tarefas do dia a dia das crianças e dos trabalhos domésticos, mas os pais estão cada vez mais flexíveis e mais participativos.
É também importante que a mãe se sinta apoiada nas suas tarefas diárias, já que atualmente ela não se ocupa apenas dos filhos e da casa e, tal como o pai, também tem uma vida profissional que exige tempo e dedicação. O pai deve estar presente nas tarefas domésticas e nos cuidados básicos com a criança que tradicionalmente cabiam à mãe, para apoiá-la e, sempre que possível, colaborar com ela na realização dessas tarefas.
Cada família tema sua própria dinâmica, horário e divisão de tarefas, mas de modo geral, acho que os pais precisam perceber que esses momentos com o filho são muito importantes, também dividir as tarefas com a companheira é muito positivo. São oportunidades únicas de carinho, de conhecimento, de troca.
Estar com os filhos não é uma questão de tempo, mas, sim, uma questão de prioridades. Pais e mães devem estabelecê-las e, em certa altura da vida, a sua prioridade deve ser estar com os seus filhos. É importante que os pais continuem a ter tempo para a sua vida social e para fazerem aquilo que lhes dá prazer. E é precisamente esse equilíbrio entre a profissão, a família e a atividade social, o segredo para uma família (quase) perfeita.